Tarsila do Amaral. E.F.C.B., 1924. Óleo sobre tela, 142 x 127 cm. Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo.
Fonte: Site Tarsila do Amaral. ©Tarsila do Amaral Licenciamento e Empreendimentos Ltda.
Do Carnaval no Rio de Janeiro em 1924, Tarsila do Amaral também elaborou a tela E.F.C.B. (Estrada de Ferro Central do Brasil) para a conferência de Blaise Cendrars em São Paulo. Cendrars, poeta franco-suíço, tornou-se conhecido pela artista na sua estadia em Paris, no ano de 1923. O encontro é relembrado no seu escrito para o Diário de S. Paulo, intitulado Blaise Cendrars: “Conheci-o em Paris, e Paris, nessa época, vivia numa efervescência renovadora [...]” (AMARAL, 1938 apud BRANDINI, 2008, p. 352). Sua vinda ao Brasil se daria em 1924, como recupera na referida crônica: “Em 1924 veio ao Brasil pela primeira vez, a convite de Paulo Prado. E tornou-se amigo da nossa terra.” (AMARAL, 1938 apud BRANDINI, 2008, p. 354).
Essa obra foi exposta em 1933 no Palace Hotel, no Rio de Janeiro, e faz parte do acervo do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo; esteve nas exposições Visões do Moderno no Acervo do MAC USP 1900-2000 (2018) e em Tarsila Popular no Masp (2019), no mesmo núcleo de Carnaval em Madureira e Morro da Favela. E.F.C.B. coloca a abstração como forma de olhar para a paisagem que a artista vê em modernização (a estrada de ferro), ao mesmo tempo em que preserva formalmente as estruturas do que ela pode ter considerado tradicional (as casas, a igreja). De certa forma, pode traduzir o intercâmbio entre Brasil e Paris e a sua tentativa de encontrar soluções estéticas para o moderno em meio à tradição, criando ou reelaborando contornos, formas, cores, gestos, expressões, a assinatura de Tarsila do Amaral que viria a se consolidar nas suas obras da década de 1920 e após.
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