Revista Estado da Arte (2022)
Tarsila do Amaral. Bicho pernilongo, 1925. Aquarela, crayon e grafite sobre papel, 23,1 x 15,5 cm.
Fonte: Hugo Curti/Fábrica de Arte Marcos Amaro
Embora a coleção de 200 obras apresentada na exposição “Tarsila: estudos e anotações”, com a curadoria de Aracy Amaral e Regina Teixeira de Barros, seja representativa da produção de desenhos de Tarsila do Amaral (1886-1973) no período de 1919 a 1940, ela não diz respeito a sua totalidade. No decorrer da sua trajetória, a artista produziu pelo menos 1313 desenhos, conforme aponta o seu Catálogo Raisonné (2008), tendo elaborado obras dessa tipologia em todas as décadas seguintes. No início dos anos de 1970, antes do seu falecimento, talvez numa tentativa de eternizar os seus desenhos, a artista autorizou a sua reprodução em gravuras, entre as quais podemos destacar aquelas realizadas por Roberto Grassmann com o acompanhamento de Marcelo Grassmann, para o álbum Tarsila: gravuras (1971) publicado pela Galeria Collectio.
O seu proprietário, José Paulo Domingues, foi também, como aponta Aracy Amaral no texto para o catálogo da exposição, o responsável pela venda desse conjunto de desenhos ao empresário Otávio Oscar Fakhoury. A partir da procedência dessas obras podemos localizar na década de 1970 dois importantes movimentos para a circulação da obra gráfica de Tarsila do Amaral no país: a ampla tiragem de gravuras por meio do referido álbum para comércio e doação a museus, dispersa hoje em 42 instituições brasileiras após a doação do Banco Central do Brasil no final da década de 1990, bem como a venda do conjunto que está à mostra. Tais movimentos situam a Galeria Collectio num ponto de inflexão da obra gráfica de Tarsila do Amaral e, igualmente, na atualidade, as galerias responsáveis pela venda desses desenhos, tendo em vista que tal movimento permitiu a aquisição do conjunto e a sua incorporação a um museu, para ações de pesquisa, conservação e divulgação.
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